Entrevista
- Mafalda Fernandes (Literatura) - Feita por Pedro Taveira
O meu
interesse pela literatura fez com que quisesse saber a opinião de
outras pessoas que também partilham desse interesse. Hoje a
entrevista é direcionada a uma amiga que tal como eu, pertence ao
blogger. Visitem o blogue Mil e uma formas de amar (Mafalda
Fernandes).
1 -
Boa noite Mafalda. É um prazer ter a sua presença na diáspora.
Quando surgiu o seu gosto pela literatura?
Boa
noite Pedro. Ora essa, o prazer é todo meu. Bom, o gosto pela
literatura surgiu aos meus 11 anos. Quando a minha professora de
português falava dos livros que tinha em casa, dos que ela escrevia
e afins. Lembro-me que ás vezes não tínhamos trabalhos de casa e
eu pedia-lhe para me dar um tema que eu escrevia sobre isso, ou para
me emprestar uns desses livros. Desde então a escrita e a leitura
começaram a fazer parte da minha vida. Já aos 16 resolvi partilhar
com o “mundo” o meu dom (sim porque todos temos um dom ou vários
e um dos meus é esse, pelo que dizem). Criei um blogue que hoje tem
o nome de “Mil e uma formas de amar”.
2 –
Prefere, ler ou escrever?
Se
tivesse que escolher seria difícil, pois gosto de ambas. Gosto de um
bom livro, aqueles que prendem e deixam curiosidade de ler mais e
mais quase sem “respirar”. Por outro lado, escrever é um
libertar de sentimentos, sejam eles de alegria, tristeza, paixão ou
até mesmo raiva. Amo ler e escrever. No meu caso uma completa a
outra.
3 –
Qual o género literário com que mais se identifica?
Romance
sem dúvida alguma! Sou uma eterna apaixonada. Também porque me
considero uma mulher bastante romântica. Acho o amor um dos mais
poderosos sentimentos. Tanto é que praticamente só escrevo
textos/histórias de amor como podem ver no blogue ou na participação
que tenho no livro “Cartas de amor”. Se um dia poder realizar o
sonho de escrever um livro seria de amor. Mas obviamente que gosto de
mais géneros literários.
4 –
Quem é a sua maior influência para a escrita?
Como
referi à pouco gosto de romances e uma grande influência que tenho
é Nicholas Sparks, adoro a maneira como ele escreve, o toque que ele
tem para as palavras, à medida que vou lendo vou imaginando as cenas
na cabeça… Acho perfeito! E inspiro-me muito nele para escrever os
meus textos ou histórias (P.S.: tenho quase a coleção completa
dele).
5 –
A quem daria o prémio Nobel da Literatura se tivesse esse poder?
Uma
pergunta bastante difícil! Daria a Fernando Pessoa se fosse vivo.
Agora, talvez ao Nicholas pelo trabalho que tem feito. Cada vez
melhor.
6 –
Qual o provável futuro de Portugal quanto à literatura? Tenho
esperança que daqui a uns anos a produção e venda de livros
aumente nitidamente. Eu como leitora e “escritora” sonho que as
editoras deem oportunidades a novos talentos, sejam eles de jovens ou
de adultos, mas que não fechem as portas, que continuem a apostar em
pequenas coisas que possam aparecer. Espero que daqui a alguns anos
possa olhar para trás e ter já publicado quem sabe o meu livro e
outros mais como eu que tenham esse sonho.
Aproveito
para deixar um apelo aqui aos seguidores e que eles passem a palavra!
“Leiam mais em vez de estar horas e horas em frente ao computador a
jogar (não condeno quem o faça, atenção) e escrevam, não há
nada melhor que expressar o que nos vai na alma.” Eu tenho essa
rotina, todos os dias antes de ir descansar escrevo e leio um pouco
do livro que neste momento tenho em mãos. São dois grandes prazeres
da vida!
Mas
infelizmente talvez não seja assim como estou a descrever. Os jovens
de hoje em dia apostam menos em livros e mais em tecnologias (embora
também eu seja apreciadora disso). Vamos acreditar e pensar
positivo. Bons pensamentos atraem coisas positivas.
7
– Que influência tem a música naquilo que escreve?
Por
incrível que pareça, a música tem muita influência quando
escrevo! Normalmente ponho sempre uma música calma, apenas com
melodia (de piano ou guitarra de preferência). Praticamente só
escrevo de amor (e não, não é por estar completamente apaixonada)
porque é um assunto que adoro, acho o tema amor muito bom para ser
tratado e explorado e há várias formas de amar algo/alguém. Quando
isso acontece oiço músicas que me dizem algo, talvez pela letra, ou
porque me deixo contagiar pelo ritmo. Há dias em que estou em baixo
e por algum acaso toca uma música na rádio, identifico-me com a
letra e deixo-me pura e simplesmente levar pela melodia e as palavras
correm fluentemente sem nada programado, já cheguei a chorar à
medida que ia escrevendo e ouvindo. Entrego-me completamente e quando
isso acontece é porque há verdade no que escrevemos e não é
meramente só mais um texto/história.
8 –
Como se imagina daqui a uns anos?
No
que toca à escrita gostava de já ter publicado pelo menos dois
livros. Na música, que aprenda a tocar piano. Na vida profissional
que o trabalho seja cada vez mais e consiga trabalhar com as minhas
crianças e por fim, pessoal, espero estar casada, com dois filhos e
continuar a ter o melhor homem do mundo ao meu lado e com a minha
família feliz! Ah, e que consiga fazer uma biblioteca em casa *-*
Aproveito
para deixar um apelo:
Há
muitos artistas pelas ruas do Porto, Lisboa e em várias cidades, com
um talento enorme que esperam por uma oportunidade, talvez comece por
aí a mudança. Apostar nesses talentos. Porque podemos evoluir,
basta nos apoiarem!
Muito
obrigado Mafalda! Partilhamos o mesmo sentimento pela literatura!
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Entrevista - Mafalda
Fernandes (Violência Doméstica) - Pedro Taveira
Surgiu a oportunidade de
voltar a entrevistar a Mafalda Fernandes. É um gosto enorme poder
tê-la de volta à diáspora. Visitem o seu blogue Mil e uma formas
de amar.
1 - Boa tarde Mafalda.
Como lida com os casos que se ouvem diáriamente nos meios de
comunicação social?
Boa tarde Pedro. Antes de
mais é um assunto muito delicado que aqui vamos tratar. Infelizmente
diáriamente há milhares de casos que se ouvem na televisão, na
rádio ou até mesmo nos jornais. Posso dizer-lhe que quando era mais
nova ouvia falar em violência doméstica e causava-me uma certa
impressão o facto da vítima não fazer nada contra o agressor,
ouvimos muitas vezes "se fosse comigo, eu defendia-me", "ai
se fosse comigo, nem levantava a mão" e na verdade ambos
sabemos que não é bem assim. É um assunto que mexe comigo, não
que se tenha passado comigo ou no meu núcleo familiar, mas já
assisti e já me contaram casos. 2014 foi um ano com muitos casos, os
quais vou deixar aqui alguns exemplos ( Castelo Branco registou 120
novos casos de violência doméstica, em Braga houve 13 casos fatais,
no Porto houveram 2544 denuncias) e eu pergunto: Quando é que isto
vai parar? Não há como lidar bem com um caso de violência, seja
ela física, psicológica ou verbal. Temos sim de lutar contra isso.
2 - O que faria para
acabar com a violência?
Penso que a violência
nunca vai acabar enquanto houver pessoas com a mente fraca, enquanto
houver ódio, ciúmes, preconceito (e aqui não falo só da violência
doméstica mas de todos os outros tipos de violência) não se vai
poder mudar grande coisa. Existem vários apoios à vitima, e a APAV
faz um trabalho excecional, já tive oportunidade de visitar as
instalações cá em Braga e ver um pouco do trabalho deles e uma
pessoa sai de lá diferente. O que eu faria, era criar mais meios de
divulgação que realmente há uma saída para esses casos. Por
publicidade pela rua, falar mais na rádio, criar (ou alguém criar)
um programa na televisão, porque há muita informação mas não é
muito divulgada, infelizmente! Mas lidamos com o fator "medo"
que limita as vítimas fazer as denúncias. Enquanto houver esse
medo, que é completamente normal não se vai poder ajudar tanta
gente quando se gostaria. Mas graças a deus alguns desses guerreiros
(homens/mulheres) ganham coragem e dizem "BASTA"! e quando
isso acontece a ajuda aparece e quase sempre se pode resolver.
3 - Tem conhecimento de
algum caso que tenha ocorrido perto de si?
Infelizmente tenho! Eu
estava a passar um fim de semana com amigos e assisti a uma cena
dessas e não foi apenas uma vez... Sem dizer nomes nem entrar em
grandes pormenores posso deixar cá algumas coisas que aconteceram.
Tratava-se de ciúmes totalmente doentios. Foi violência verbal e
psicológica, não houve física mas os psicológicos são piores. Vi
cenas assutadoras, ouvi palavras que na minha cabela não faziam
sentido serem ditas, entrei em choque. Só pensei em tirar as pessoas
daquele local e chamar a polícia. Foi uma experiência que não
desejo a ninguém.
Infelizmente conheço
vários casos e posso dizer que um deles teve sucesso e os outros
continuam a tentar ser resolvidos, mas envolve muita coisa. São
assuntos bastante delicados.
4 - Como deveriam ser
punidos o agressores para estas situações?
Ficar na prisão e nunca
mais sair parece-me adequado. Mas infelizmente o tempo não vai
apagar os anos, dias ou meses em que a vitima sofreu porque isso
marca e muda a vida de uma pessoa para sempre. Não sei ao certo o
que faria porque como já referi é um assunto bastante delicado.
Quero acreditar que a justiça mude os métodos de lidar com a
situação. Nenhuma pena que os agressores sofrerem vai ser
suficiente para comparar ao que a vitima chegou a sofrer, não há
punição nenhuma que tire as marcas e os momentos que se passaram.
Mas quero acreditar que um dia se faça realmente justiça e que a
violência deixa de existir. Vamos mover as pessoas, fazer mais
campanhas, gritar nas ruas, pôr papeis nas portas, qualquer coisa!
Vamos acabar com o medo e ajudar quem precisa a fazer denuncia dos
agressores!
5 -Na sua opinião, a lei
penal atual não é justa?
Não é uma questão de
ser justa. Acho que não é suficiente para o agressor! O que são 5,
10 ou 15 anos preso comparado com o sofrimento que causou na vitima?
6 - Portugal poderá ser
um país diferente nos próximos tempos, no que toca à violação
doméstica?
Espero bem que sim! Quero
acredita que o FUTURO de Portugal mude em todos os aspetos.
Muito obrigado pela
entrevista! Partilhamos do mesmo sentimento. Tristeza por estas
situações que ocorrem à nossa frente!
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